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Outubro Rosa e a importância dos exames preventivos na pandemia.

Outubro Rosa e a importância dos exames preventivos na pandemia.
Elaine Venga
set. 30 - 6 min de leitura
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No mês de Outubro, o mundo todo se pinta de rosa e o Brasil abraça essa causa tão importante no cuidado com a saúde da mulher: o Outubro Rosa. No Brasil, a primeira iniciativa marcante ocorreu em São Paulo, no dia 2 de outubro de 2002, quando o Obelisco do Ibirapuera foi iluminado com a cor da campanha. E até hoje essa campanha é, sem dúvida, um dos momentos mais especiais do ano, já que trata da conscientização do diagnóstico precoce do câncer de mama por meio de exames preventivos.

Porém, o que venho falar aqui não é tão colorido: desde que fomos acometidos pela pandemia do Covid-19 no início de 2020, dados nos revelaram o quanto as mulheres brasileiras deixaram de realizar seus exames quando realmente deveriam. A queda na quantidade de mamografias realizadas no país, segundo dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), foi de 46,4% quando comparada ao mesmo período de 2019.

No Sistema Único de Saúde (SUS), o cenário é igualmente preocupante: entre janeiro e junho de 2019 foram realizados 180.093 exames na rede pública. No mesmo período de 2020, a quantidade de exames caiu para 131.617.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2020 o Brasil deve assistir a 66.280 novos casos de câncer de mama, doença que em 2018 matou mais de 17 mil mulheres no país. Importante enfatizar que o Instituto de Pesquisa (IBOPE) divulgou recentemente a pesquisa “Câncer de mama: o cuidado com a saúde durante a quarentena”, que afirma que 62% das 1.400 mulheres entrevistadas não foram ao médico durante a pandemia com medo de contrair COVID-19. Entre o grupo de risco, composto por mulheres com mais de 60 anos de idade, 73% disseram estar aguardando a pandemia passar para retomar suas consultas e exames.

O risco da contaminação pelo Covid-19 trouxe, desde o ano passado, números alarmantes de mulheres que se sentiram impelidas de realizarem os seus exames de rotina. Com medo de enfrentarem hospitais lotados e seguindo as recomendações de órgãos públicos e de fiscalização para evitarem esses espaços, alguns exames tiveram que ser prorrogados. Isso trouxe uma real preocupação pelo aumento nos casos de diagnósticos de câncer de mama sem tempo e condições de serem tratados corretamente.

Exame de Mama x Silicone

No meio da pandemia, um dado interessante: o crescimento de novos usuários e a participação mais ativa na internet trouxe aumento nas buscas.  E notamos um crescimento mais que repentino pelo termo “autoexame” nesse período. De acordo com levantamento da área via Google Trends, as pesquisas mais relevantes entre os internautas foram "autoexame pode substituir a mamografia" e "como fazer autoexame de mama".

Porém, o cuidado estético sobrepõe-se ao cuidado com a saúde da mulher. A pesquisa pelo termo "silicone" é exponencialmente maior que a pesquisa por "exame de mama" nos últimos 12 meses.
 

Estudo revela: falta de informação ainda é barreira do câncer de mama

Informações distorcidas, medo do diagnóstico, dificuldades de acesso. Estes foram os principais resultados identificados no primeiro levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), em parceria com a Libbs Farmacêutica, para entender o conhecimento, atitude e prática das mulheres brasileiras em relação ao câncer de mama. De todas as participantes, a maioria acredita que o histórico familiar (95,7%) é o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença. Isso é preocupante, já que apenas 10% a 20% dos casos são hereditários ou têm uma história familiar próxima, ou seja, 80% não têm história familiar.

59,3% das mulheres ouvidas afirmaram também acreditar que o autoexame é a melhor forma de identificar um tumor. Sendo que esperar que um tumor seja palpável significa dar um longo tempo de desenvolvimento que poderia ser encurtado através do diagnóstico precoce.

Quando se fala em barreiras para as mulheres não realizarem os exames a pesquisa revela: dificuldade de acesso (64,9%), medo de encontrar anormalidades (54,5%), falta de conhecimento sobre as técnicas de detecção (54%), longo tempo para conseguirem uma consulta (45,6%) ou experiências negativas em relação ao tema (34,2%), entre outras.

Portanto, o risco pode ser subestimado nessa população, que deixa de fazer a prevenção porque acha que está protegida. E toda essa análise dos dados comprova ainda a necessidade de ampliação não só de conscientização sobre a doença, mas de orientação de qualidade para a população.

Trazer campanhas mais educativas, cartilhas explicativas que possam informar, naturalizar esse tipo de exame e reforçar a importância da avaliação médica de um especialista pode ser um importante ponto de atenção para uma melhor eficácia da campanha nos próximos anos.

 

Quais são as contribuições do Outubro Rosa?

Não é só de alerta que esse post sobrevive. Finalizaremos essa leitura com boas perspectivas. Ano a ano há um maior compartilhamento de informações para a promoção da conscientização sobre a relevância do controle da doença. E o entendimento de que além do diagnóstico precoce é necessária a busca também por uma vida saudável e qualidade de vida.

Embora seja um tema difícil de tratar, falar abertamente sobre o câncer pode ajudar a esclarecer mitos e verdades e, com isso, aumentar o conhecimento e diminuir o temor associado à doença. Um em cada três casos de câncer pode ser curado se for descoberto logo no início.

Com a adesão em massa dos canais digitais, a amplificação do conhecimento aumenta. E o efeito latente da campanha e seus gatilhos ajudam a lembrar-nos que a data pede movimento, atitude de nós mesmas no cuidado com o nosso corpo.

Empresas, escolas e segmentos de saúde estão mais integrados às propostas das políticas públicas do governo em prol da disseminação do conhecimento sobre o câncer de mama. Com isso, a campanha também traz resultados positivos ao otimizar serviços de diagnóstico, prevenção e tratamento para a redução da mortalidade.

E em um momento atual que pede muito mais o olhar no outro: conscientizar que a causa pede uma mobilização social. Então antes de pensar em usar uma data como essa para promoção, escolha usar a sua marca para causar mobilização e gerar uma corrente de cuidados. 


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